domingo, 30 de maio de 2010
“Segurança do paciente — O farmacêutico faz a diferença.”
Ao final do XX Congresso Pan-Americano de Farmácia, encerrado no último sábado (29/05), no Centro de Eventos da PUC-RS, onde Porto Alegre transformou-se na capital farmacêutica das Américas, fica clara a necessidade do profissional farmacêutico se apresentar aos usuários de medicamentos e serviços farmacêuticos com maior destaque.
Atualmente, os usuários de medicamentos e serviços farmacêuticos desconhecem a necessidade da atuação deste profissional de saúde, que possui conhecimentos técnicos para desenvolver o Uso Racional de Medicamentos, Atenção Farmacêutica, Análises Clínicas e Toxicológicas, na Indústria de Medicamentos, na Indústria de Alimentos e outras 70 diferentes atividades regulamentadas pelo Conselho Federal de Farmácia.
Durante o Congresso, foram revelados dados impressionantes. Em média, a cada 20 dias um novo medicamento entra no mercado, um terço dos medicamentos sai do mercado após dois anos, o Brasil está entre os 5 maiores consumidores de medicamentos no mundo, são mais de 30 mil apresentações de medicamentos, há mais farmácias que o dobro recomendado pela OMS, os gastos com medicamentos representam 12% do orçamento familiar, 50-70% das consultas médicas geram prescrição de medicamentos,
50% de todos os medicamentos são prescritos, dispensados ou usados inadequadamente, 75% das prescrições com antibióticos são errôneas, a metade dos consumidores compra medicamentos para tratamento de um só dia, somente 50 % dos pacientes, em média, tomam corretamente seus medicamentos. Dados revelados sobre o consumo de medicamentos no Brasil demonstram que a nossa população está refém de um sistema de comércio de medicamentos que fatura bilhões de dólares e não investe nenhum percentual dos lucros em serviços farmacêuticos. Enquanto os dados revelados pelo SINITOX apontam que a cada meia hora se notifica um caso de intoxicação no Brasil devido ao uso irracional de medicamentos, nossas Farmácias e Drogarias vão a Justiça para obterem permissão de manterem o formato atual onde o comércio prevalece. Com a empurroterapia, venda de medicamentos sem Receita, concorrência que leva ao cometimento de crimes contra a saúde pública, vemos a população sofrendo com o custo altíssimo dos medicamentos, antibióticos que não são mais efetivos, pois as bactérias já estão resistentes, grávidas, idosos e crianças consumindo diversos medicamentos de forma totalmente inadequada, transformando o medicamento em um verdadeiro veneno.
Por tudo isso, se faz necessário que os farmacêuticos se apresentem e sejam reconhecidos, tornando-se não mais necessários e sim imprescindíveis. Que a população encontre estabelecimentos onde o farmacêutico esteja sempre disponível, durante todo o horário de funcionamento. Fornecendo as informações corretas, acompanhando os tratamentos, exigindo e avaliando as receitas, mantendo comunicação com os prescritores e principalmente, dedicando tempo e atenção que a população tem direito.
O uso racional de medicamentos parte do princípio que o paciente recebe o medicamento apropriado para suas necessidades clínicas, nas doses individualmente requeridas para um adequado período de tempo e a um baixo custo para ele e sua comunidade. O farmacêutico é o profissional de saúde mais disponível para a população, não existe fila para atendimento nem necessidade de agendamento e além de todos os benefícios que a população desconhece, os farmacêuticos estão ampliando a luta contra os impostos sobre os medicamentos. A diferença entre medicamento e veneno está na dose utilizada e na oferta de assistência farmacêutica efetiva.
Everton Borges
Farmacêutico Fiscal
Conselho Regional de Farmácia do RS
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